Durante dois meses, embarquei em uma jornada que tocou não apenas a superfície do meu aprendizado, mas as profundezas da minha alma. No Instituto Favela da Paz, encontrei muito mais do que um espaço de ensino e cultura – encontrei um portal para me reconectar com a essência da minha própria existência. O processo de desaprender tanto quanto aprender, ali, foi visceral; ele me desarmou, abriu portas para resgates que eu nem sabia que precisava e trouxe à tona uma versão de mim mesma que há muito aguardava para emergir.
O Instituto Favela da Paz é um lugar que respira comunidade, verdade e arte. Cada canto, cada pessoa, cada som reverbera uma busca coletiva por paz e por pertencimento. Durante essa vivência, fui acolhida por um espaço onde o autoconhecimento e a conexão com o outro andam de mãos dadas, em uma dança constante de encontros. Ali, o tempo parecia ter outro ritmo, mais próximo da melodia do coração e dos pulsos da vida. Tudo era sobre partilhar, sobre escutar e ser escutada, sobre viver em sintonia com o que há de mais autêntico em nós e no mundo ao nosso redor.
Ao longo dessa experiência, vivi um resgate ancestral, como se caminhasse de volta às minhas origens mais profundas. Fui convidada a olhar para dentro de mim, a questionar os caminhos que escolhi, a ouvir as vozes da minha história, dos meus antepassados, da minha própria essência. Esse resgate não foi apenas uma redescoberta – foi uma verdadeira cura. No silêncio e na partilha, me reconectei com o meu propósito de vida. As perguntas que antes me confundiam começaram a encontrar respostas claras e, em meio a essa imersão, percebi que os meus planos estavam mudando, que um novo caminho se abria diante de mim, iluminado por uma verdade mais pura e uma intenção mais genuína.
Essa jornada também foi um reencontro com os meus valores e princípios. Eu me vi espelhada nas pessoas que conheci, nas trocas sinceras que tive. Aprendi sobre a importância da verdade, da integridade e da autenticidade. A cada conversa, a cada sorriso compartilhado, percebia o quão profundo é o impacto de sermos transparentes com nós mesmos e com o outro. Eu me redescobri em cada relação construída, em cada momento de coletividade. E essa coletividade não era uma mera circunstância – ela era a força vital que dava sentido a tudo. A arte e a música, sempre presentes no Instituto, foram mais do que expressões culturais. Elas se tornaram os fios condutores que teciam minha conexão com o mundo. Através da música, me senti parte de algo maior, como se cada acorde ecoasse não apenas dentro de mim, mas nas almas de todos ao redor. A arte me lembrou que somos todos fragmentos de um mosaico muito maior e que, juntos, formamos algo belo, único, potente. Cada batida, cada canção era um lembrete de que a vida é vivida em compasso, e esse compasso se encontra quando estamos em harmonia com o coletivo.
Ao final dessa jornada, o que mais me tocou foi o profundo sentimento de pertencimento que floresceu dentro de mim. Um pertencimento que não depende de lugares físicos, mas de um reconhecimento de quem eu sou e de onde estou, tanto no meu interior quanto no mundo. Pertencer a mim mesma significou aceitar minhas verdades e imperfeições, minhas forças e vulnerabilidades. Pertencer ao coletivo foi entender que juntos somos mais fortes, que a solidariedade é a base de tudo que desejamos construir. E, finalmente, sentir-me pertencente ao mundo foi me conectar com a teia invisível que une todos nós, percebendo que somos todos reflexos uns dos outros, vivendo e vibrando em sintonia.
Essa vivência no Instituto Favela da Paz foi uma transformação que ecoará por toda a minha vida. Desaprendi padrões que me aprisionavam e aprendi a me reconectar com minha essência mais pura. Hoje, vibra em mim a certeza de que meu caminho está mais claro, alinhado com meus valores e com o coletivo ao qual pertenço. O Instituto me deu mais do que ferramentas ou conhecimento – ele me devolveu a mim mesma, à minha verdade, à minha música interior.